terça-feira, 25 de agosto de 2009

RUI PIRES CABRAL

Hoje, por exemplo, Oráculos de Cabeceira, de Rui Pires Cabral, onde logo na primeira página se lê assim:



“I felt that it was all unreal.”



Chega ao fim do dia

a hora mais lenta, quando o céu

é vago e as luzes se acendem

no prédio da frente.



Vemo-los por vezes

dentro das janelas, vultos

delicados como miniaturas

ou meros reflexos que passam

nos vidros.



Alguns prosseguem encargos

de sombra, outros detêm-se

a olhar a rua, no gesto

a expressão do seu puro

enigma.



E são como provas

de coisa nenhuma. Se acaso

nos fitam, parecem dizer:

a morte não será decerto

mais estranha que a vida.

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