Hoje, por exemplo, Oráculos de Cabeceira, de Rui Pires Cabral, onde logo na primeira página se lê assim:
“I felt that it was all unreal.”
Chega ao fim do dia
a hora mais lenta, quando o céu
é vago e as luzes se acendem
no prédio da frente.
Vemo-los por vezes
dentro das janelas, vultos
delicados como miniaturas
ou meros reflexos que passam
nos vidros.
Alguns prosseguem encargos
de sombra, outros detêm-se
a olhar a rua, no gesto
a expressão do seu puro
enigma.
E são como provas
de coisa nenhuma. Se acaso
nos fitam, parecem dizer:
a morte não será decerto
mais estranha que a vida.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
RUI PIRES CABRAL
Publicada por M.A. à(s) 02:00
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