quarta-feira, 19 de agosto de 2009

ANTERO DE QUENTAL

Intimidade

Antero de Quental
(1842-1891)

Quando, sorrindo, vais passando, e toda
Essa gente te mira cobiçosa,
És bela - e se não te comparo a rosa,
É que a rosa, bem vês, passou de moda.

Anda-me as vezes a cabeça a roda,
Atrás de ti também, flor caprichosa!
Nem pode haver, na multidão ruidosa,
Coisa mais linda, mais absurda e doida.

Mas e na intimidade e no segredo,
Quando tu coras e sorris a medo,
Que me apraz ver-te e que te adoro, flor!

E não te quero nunca tanto (ouve isto)
Como quando por ti, por mim, por Cristo, Juras
- mentindo - que me tens amor.

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