quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Pierre Emmanuel

MEUS OLHOS MINHAS MÃOS – Pierre Emmanuel


Meus olhos minhas mãos meu reino aí se encontra
Meus olhos minha boca e o côncavo das mãos.
Nele de noite enxergo: o dia me é fantasma
Com o vento dialogo: e nada digo aos meus.
Eu que bem poderia um céu na mão beber
A borra tão somente em mim posso guardar.

Crispar eu não consigo os dedos em mais nada
Os meus olhos se abrindo as pálpebras queimaram
O que foge de mim é o bem que me restou
E que perdido está livrando-me da sede.
Minha língua secou, molhá-la tento em vão
Proferida a palavra esvai-se logo em luz.

Mas então que sou eu? Oblato da miséria
Que o ser reduz a fome ao lhe ofertar o seio.
Eu morro sem cessar para as coisas que espero
Esta morte porém de morrer me preserva.
Quanta luz tu me dás ó nada ó meu segredo
Na verdade é ser Deus ser pobre desse jeito.

Tradução de Cláudio Veiga

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