quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A RAPOSA – Charles Tomlinson

A RAPOSA – Charles Tomlinson


Quando vi a raposa, estava ela de joelhos
na neve: nada levaria a dizer
que, curvado sobre as patas da frente quebradas,
o bicho estava morto – a não ser porque imóvel.

Defronte de mim, um cúmulo inclinava-se
através do campo no cimo do monte. O vento
tinha-o escarpado como um alpe todo de neve, e
para onde foi agora o monte?

Não havia outro caminho:
tirei lá as pernas
e as botas e voltei aos meus trilhos,
mas já um milhão de partículas de neve sopradas, fluindo, os enchiam.

De topo abobadado e depois cômico,
o cúmulo zombava de mim,
como se todo o monte
infestado de raposas fosse um crânio de raposa.

Curvas de vieira e veios
em puro empilhado ondulavam e luziam, mas o que
havia eu de fazer com tanta beleza
olhada por ele?

Era como escalar por entre as suas fontes brancas,
enquanto o vento cruzado
torturava os joelhos e cada
passo falhado era um mergulho no cegante interior do monte.

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