Ainda
Amei. É incompreensível como o tremor das árvores.
Agora estou extraviado na luz porém sei que amei.
Eu vivia num ser e seu sangue deslizava pelas minhas veias e
a música me envolvia e eu mesmo era música.
Agora,
quem está cego nos meus olhos?
Umas mãos passavam sobre meu rosto e envelheciam docemente. Que
foi existir entre cordas e espíritos?
Quem fui nos braços da minha mãe, quem fui no meu próprio coração?
É estranho:
somente aprendi a desconhecer e esquecer. É estranho:
agora, o amor
habita no esquecimento.
trad. de António Cícero
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
antonio gamoneda (Espanha,n.1931)
Publicada por M.A. à(s) 07:18
Etiquetas: antonio ganomeda
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