Tinha cerca de nove ou dez anos quando um surto de meningite arrastou algumas crianças para o Jardim de Dona Morte, e dois amigos meus foram, Antônio Lisboa de Medeiros, ainda meu primo, e a bela Ezemita Fernandes, de louros cabelos e bochechas rosadas. Lembrava apenas vagamente que ela tinha morrido, mas talvez como defesa não a ligava à figura da Musa daquela época, paquerada na igreja e na escola, tão desejada, tão educada e com quem trocava algumas palavras e me sentia muito bem Há algum tempo porém fui ao cemitério de minha cidade e, após visitar jazigos familiares, dei de vagar entre os túmulos tão cheios de flores e fotos. Grande foi minha emoção ao chegar no túmulo da família de Dona Carmita, minha professora da oitava série ainda hoje tão saudável, e encontrar ali a foto daquela menininha loura de bochechinhas rosadas que tanto amei na infância, e lembrei então que na época padecera grande dor. .
UMA FLOR TÃO RARA
À memória de Ezemita Fernandes
Certa vez que estava num jardim
encontrei uma flor inesperada
que causou grande alvoroço em mim.
Uma flor tão bonita... – Minha amada!
Por maldade de algum deus ruim
do jardim da infância foi roubada
e para sempre há de ficar assim,
uma rosa inda em botão eternizada.
Comentários ouvi da triste sorte
de um lar que perdeu a flor mais bela.
Não lembrava, porém, que fosse... Ela!
– Ó rara flor do jardim de Dona Morte
cedo arrastada para a eternidade:
me fiz poeta pra cantar essa saudade!
Antônio Adriano de Medeiros
2006
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
uma flor tão rara
Publicada por M.A. à(s) 09:37
Etiquetas: Antônio Adriano de Medeiros
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