segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

PRIMEIRO POEMA APÓS BEIJAR RENATA

Lembro-me da noite. Lembro-me do céu
de poucas estrelas – apenas o vazio,
apenas o fulgurante e trêmulo vazio
soprado pelas nuvens, soprado
contra os rostos, contra os olhos
também nublados por vazio
fulgurante e trêmulo.

Lembro-me do rosto. Lembro-me do riso
que o fazia arder, que o fazia
claro e depois, sobre o rosto, caía
uma sombra de medo, de ternura,
uma sombra de espanto e encantamento
por não saber o que pode nascer – raiz
selvagem! – dentro de um coração
e torná-lo mais vermelho, e torná-lo
mais fácil de sangrar, mais fácil de suportar
as noites fulgurante e trêmulas.

Lembro-me do beijo. Lembro-me do gosto
febril, doce, muito suave.
Lembro-me de ter um rosto junto ao meu
como quem tem, junto ao coração,
uma gaivota em amplo vôo, uma gaivota
que não se perde na noite, uma gaivota
que chega muito próxima do céu
vazio e do céu incandescente –
uma gaivota que retorna, uma gaivota
que ao voltar para o seu rosto e para os seus olhos
torna-se beijo febril, doce, muito suave.

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