domingo, 14 de agosto de 2011

LÁGRIMAS DOS OLHOS, COMO CENTELHAS DE SÍLEX


Lágrimas dos olhos, como centelhas de sílex,
como uma palavra justa, arrancar para que serve?
Nada há de especial. A palavra é como fogo,
e o coração do homem não vive de soluços.
Não é absolutamente isso que me atormenta.
Mas levantarmo-nos de madrugada, à chegada do dia,
e dizer a quem vai à frente:
- Felicidade! –
Dar-lhes uma canção, com toda a alegria,
que proteja como uma autêntica armadura,
das palavras que soam vãs e falsas.
Queremos do homem não a centelha mas o fogo.

Margarita Aliger
Tradução de Manuel de Seabra.



Margarita Aliger nasceu em Odessa no ano de 1915. Foi operária, bibliotecária e jornalista. Já em meados da década de 1930, fez estudos de Literatura em Moscovo. Tornou-se conhecida durante a II Guerra Mundial, muito por culpa de um poema, Zoyá, sobre uma jovem estudante enforcada pelos nazis. Zoyá foi publicado em 1942. Margarita tinha-se estreado em 1938 com God rojdéniia. Faleceu no dia 1 de Agosto de 1992.
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