terça-feira, 25 de setembro de 2012

ENCONTROS





ENCONTROS – Ribeiro Couto




Dói-me às vezes pensar que na multidão
Muitos daqueles passantes que ali vão
Arcados ao peso de uma dor secreta
Não sabem que é para eles é que sou poeta
Não sabem que sei, tudo lhes adivinho
E em seus ouvidos falo baixinho.



Este seria meu amigo, aquele meu irmão,
A qualquer deles apertando-lhe a mão,
A surpresa de bom companheiro eu lhes faria,
Sábio até no riso que distrai da melancolia.



Uns caminham devagar, outros a passo lento,
Cada qual escondendo o mesmo sentimento.
Nada os espera, nem eles mesmo esperam nada,
Nem mesa posta, nem janela iluminada
Ao fim da rua, ou de outra rua, longe ou perto,
Ruas e ruas, ruas e ruas, sempre o deserto.



Portadores da minha própria solidão,
Assim passam, assim me deixam, assim se vão.

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